Durante os meus muitos anos de carreira tenho enfatizado a enorme importância de que é impreterível estandardizar o serviço/produto, mas infelizmente são muitos os locais que não adotam esta “política” e engane-se quem pensa que estou a falar de pequenos negócios, estou a falar de grandes unidades hoteleiras que teimam em tratar o Bar como um negócio onde qualquer “coisa” ou qualquer “um” serve.
A escolha deste tema prende-se com o facto de recentemente ter estado a falar com uma profissional que trabalha há já 12 anos, numa unidade hoteleira de luxo com estrela Michelin, e desabafava que queria mudar de profissão pela seguinte razão.
“Quero mudar porque não estou a fazer o trabalho para o qual me formei nem me propus, sou formada em Gestão Hoteleira, a minha carreira e paixão foi sempre como hostess e agora colocaram-me a servir às mesas e a fazer serviço de bar, ainda por cima não me deram qualquer formação. Os conhecimentos que tenho de cocktails foi porque antes da minha colega se ter ido embora lhe pedi que escreve-se numa folha como se fazem as receitas, os purés e os copos que se deve usar, mas cada um de nós faz de uma maneira diferente, com o meu chefe o xarope de açúcar fica muito líquido, comigo fica espesso, no outro dia o meu chefe fez um San Francisco na liquidificadora eu faço no copo, a nível de material de trabalho também é uma tristeza, a faca está tão gasta que não corta nem limas nem ananás e falta-nos imensos copos…”
Apesar de saber que realidades como esta são o dia-a-dia da grande maioria dos bares, confesso que fico sempre com um nó na barriga quando ouço histórias destas, a horeca tem cada vez menos profissionais e trata desta forma os poucos que restam… não faz sentido.
Uma das minhas grandes missões é profissionalizar a área de bar, para isso, formo os meus alunos dando-lhes conselhos para serem responsáveis, colocarem-se na posição do patrão, apostarem na formação profissional, não mudarem constantemente de local de trabalho, mas sei que é difícil cumprir muitos destes “requisitos” quando os responsáveis colocam qualquer pessoa a fazer o serviço de bar, pessoas sem formação, sem gosto, sem condições e exigem que desempenhem a sua função de forma cabal, não se fazem omeletes sem ovos.
Se para ser Chefe de Cozinha é obrigatório ter formação, se ninguém vai para Diretor de Marketing, F&B ou Financeiro sem ter conhecimentos, porque é que para Bartender colocam qualquer pessoa?
Será que a bebida é um produto tão insignificante que o Cliente não merece qualidade?
Só unidos conseguiremos mudar o rumo que a nossa amada profissão está a levar, alterar este mind-set dos superiores, por isso continua a pedir aos Bartenders que apostem na V/ formação, essa é a melhor “arma” para se fazerem valer, só desta forma conseguem produzir resultados acima da média e ter “peso na balança”, só assim começaremos a ganhar “credibilidade” para exigir condições de trabalho, melhores salários, pois só desta forma o empregador verá que fará toda a diferença ter pessoas qualificadas e criaremos um núcleo forte e respeitável.
A todos Vós o meu grande Bem-Haja!
ESTAMOS JUNTOS!
