Quando falo de recursos humanos falo em particular dos Bartenders, é a classe com que tenho proximidade, conheço bem e a profissão que amo.
A escassez dos recursos humanos é culpa da entidade empregadora ou das novas gerações?
Na minha opinião é “mea” culpa.
Para contextualizar, é certo que a escassez de recursos humanos é um problema de fundo da sociedade, não acontece só na nossa área, neste momento é transversal a quase todas as profissões.
Cada vez os jovens vivem até mais tarde na casa dos pais, não querem assumir responsabilidade e por isso podem-se “dar ao luxo” de abandonar o trabalho do “pé-para-a-mão”, no entanto, ser Bartender é uma profissão de paixão e é para os apaixonados, tal como eu, que falo neste artigo.
Do meu ponto de vista, sobre as entidades empregadoras que “desabafam” comigo que não há Bartenders para trabalhar digo-lhes que não podem querer pagar o mesmo numa profissão que se trabalha feriados, fins-de semana, passagens de ano e Natal, o mesmo que se paga num escritório com um horário das 9h às 18h de segunda a sexta-feira com Descanso garantido aos feriados.
Do lado dos profissionais, ouço-os cada vez mais falar dos direitos e pouco dos deveres, mesmo aqueles que pouco ou nada sabem ou tão pouco provaram o que valem, no entanto, já entram no local de trabalho exigindo isto e aquilo.
Muitos também são aqueles que fazem uma caipirinha e já se classificam de Bartender, no entanto, são cada vez mais irresponsáveis, faltam ao trabalho e não dão satisfações, seja num bar de rua ou num hotel 5 stars.
Um Bartender Profissional não age com esta leviandade, manchando a profissão com esta má imagem.
Portanto, temos aqui, o que se pode chamar uma falta de respeito mútua, as entidades abusam e os colaboradores desrespeitam.
Acredito que uma das grandes ferramentas que ajudariam a solucionar este grave problema da escassez de bartenders, seria a aposta na formação e consequentemente profissionalização da profissão, senão vejamos, a evolução dos Chefes de Cozinha que se uniram, criaram associações fortes, apostaram nos conhecimentos e na qualidade e a notoriedade e os ordenados subiram naturalmente.
Quem aposta na formação valoriza e eleva os padrões de qualidade da profissão que representa, desta feita será um Bartender que dará à entidade empregadora obrigatoriamente outros resultados quantitativos e qualitativos, conhece o seu valor e quer uma remuneração à “altura”. O problema é que vem outro “Pseudo-Bartender” que sem conhecimentos aceita o ordenado baixo e este “Bartender” que caiu de pára-quedas na profissão assim que lhe surgir algo melhor “arranca” sem dar satisfações.
Esta é uma profissão com atratividade porque permite ganhar a vida viajando pelos quatro cantos do mundo.
Se o sector se unir exigindo que quem exerce a função de Bartender tenha qualificações, é o professional que ganha, porque tendo qualificações ninguém aceita trabalhar sem ser justamente remunerado e reconhecido.
O empregador volta, sim digo volta, porque em tempos o Bartender foi uma profissão muito valorizada, a ser respeitado, apreciado e a ser remunerado como merece. O empregador deve ter consciência que um profissional com formação paga-se por si só.
Se para exercer gestão; marketing; medicina e engenharia temos obrigatoriamente ter formação porque na nossa área isso não acontece?
Caso contrário, como para quem paga acha sempre que é muito e quem recebe acha sempre que é pouco, nunca chegaremos a bom porto.
A união faz a força, por isso, à classe de Bartender peço que se qualifiquem, sejam profissionais, humildes e responsáveis, porque só desta forma Vos conseguirei continuar a defender e elevar a profissão junto dos empregadores.
Estamos Juntos!